Consequências de um jet lag

já fez uma semana que cai na cidade do México, é um facto que não me preparei para o que vinha, não por desleixe (porque poderia bem ter sido) mas por vontade de me surpreender, porque sempre achei que há coisas que não devem ser preparadas, tira-lhes a magia da novidade, o encanto da descoberta, o choque do contraste, passando a haver pouco mais que o confronto com o que previamente decidimos saber.
é obvio que isto até pode ter a sua piada, ou pode simplesmente não ter!
chegas ao México e não sentes o ar mais denso, não respiras pior, não ficas estonteado com o CO2, não levas com uma disenteria (bem, há realmente quem leve e passe os primeiros dias colado à retrete, ser enjoadinha com a comida ajuda, ter o bom senso de não levar à boca tudo que se vê também!) não levas com calor nem te dão as boas vindas com tequila e ao som de um son huasteco.
20:30h mx – de corpo e bagagem em solo mexicano, é no aeroporto Benito Juarez que dou inicio ao meu primeiro tête à tête com os nativos, neste caso com os sacanas da alfândega que salivaram quando perceberam que levava clementinas na mala, ainda tentei troca-las pelos pacotes de sumo de laranja, mas sem efeito. Desde então só como fruta descascada no hotel, acho que por trauma!
já no aeroporto de Frankfurt embirraram com a minha Holga, achavam que era uma máquina de brincar que usava para o transporte de drogas, meditei uns segundos sobre o profissionalismo dos alemães e como não me estragaram o rolo, dei um desconto.

21:30h mx – 1h depois de chegarmos, e enquanto gelávamos com o frio que não era suposto estar, ainda esperávamos pela nossa boleia, Angel (gerente do hostal B&B México), que nos foi buscar com uma hora e tal de atraso porque afinal, e entre outras desculpas, estávamos na 3º maior cidade do mundo!! E o que é 1h e tal quando são precisas 6h para atravessar a cidade de um lado ao outro? Mal chegou, e enquanto falava com um segurança do aeroporto, o amigo que o acompanhava desbocou-se, afinal estavam numa festa de anos... ups para o Angel! Redimiu-se quando nos convidou pra ir a um bar gay na nossa 2º noite...Lipstick club, que aconselho a todos os géneros e disposições sexuais, uma vez que alguns dos empregados que pra lá andam de peito feito ao léu são heteros!!
a primeira zona a ser visitada foi POLANCO, com o seu ex-líbris na Avenida Presidente Masaryk
dica: lugar ideal para quem gosta de tropeçar em gajos com dinheiro ou ser atropelada por carrões.
“Avenida Presidente Masaryk refers to a street in Polanco, Mexico City. It's the most-valued street in Latin America and the one with most boutiques in Mexico City … is one of the most expensive shopping districts in the world.”
não há imagens porque achei que tirar fotos à montra de Gucci, Louis Vuitton, Tiffany & Co. ou Chanel não tem o mínimo interesse, de qualquer maneira, se alguém quiser saber como é, onde fica e como é que lá se chega é pedir, nada contra amiguinhos ricos!
depois do chique vem o podre, certo?
é domingo e nada melhor do que ir ressacar a noite de tequila para àquele que é o maior mercado da cidade do México, a TEPITO, e memorizem bem esta palavra, porque a probabilidade de falarem com um mexicano que já lá foi é mínima e a nossa ida já é vista como mito!
o facto de ser no cu de judas e de termos que mudar 3 vezes de metro não nos deteve e quando perguntamos a um senhor agente onde era a entrada do metro de Sevilla, e comentamos para onde iamos, a expressão do senhor foi um misto de espanto, medo e admiração ao mesmo tempo (brutal não!?) disse com preocupação pra não irmos, nos dissemos com convicção que íamos, ele perguntou se tínhamos a certeza, nos dissemos que sim e a conversa terminou com um “nada de telemóveis, nada de máquinas fotográficas ou de filmar, só andem.“ Disse-nos onde ficava o metro e lá fomos, todas contentes, ver como era TEPITO!
dica: nunca ir a Tepito.
o mercado vai da estação de metro de Tepito à de Lagunilla e é de ali que sai, por exemplo, todo o contrabando de filmes que se vende no México (e possivelmente deve ter sido dali que salió el virus de la Gripe A, también), o cheiro é intragável e tudo o que vês lá é feio, porco e sujo, o melhor de Tepito são as bancas de livros baratos e ser o pior da cidade do México, ajudou a relativizar bastante!
como fui proibida de filmar, dou-vos um mimo, um video feito pelos habitantes de Tepito só pra vocês :)